domingo, 9 de maio de 2010

Prosear - CARPE VII

Voltar a prosear.

Aquela sensação do sangue pulsando, correndo quente, que nos traz a consciência de que estamos vivos, o olhar que atravessa tentando descobrir o que se tem de mais profundo, vontade de estar, arrepio só de se encostar, frio na espinha, quase falta ar...

Nos congelamos. Nos fechamos por já nos sentirmos completos. Sabe, quando a gente encontra o que procura, ama e se sente amado, completo, de forma que se fecha não por opção, com consciência ou obrigação, imposição, mas simplesmente por não estar em busca de mais nada, todos/tudo perde o valor nesse sentido. Você continua achando tudo lindo, todos belos, atraentes e até excitantes, mas “- Não, obrigada! Estou satisfeito.”

Pois bem... Estava satisfeita. E, depois de me restar apenas um quadro de concreto dessa experiência, lembrança essa que me fere e acaricia, difícil de me desfazer por amor, não à matéria, mas por ser a última peça real do que melhor vivi, me senti reflorescendo.

Numa boa conversa, percebi que meu conflito era desnecessário, que minha crença me iludia e por isso todo aquele duelo que eu traçava era desnecessário... Não busco alma gêmea.
Sempre desejei meus opostos. Não entendia porque, achava que era muito azar, que tinha alguma coisa errada comigo ou com essa vida, que a culpa era dos meus pais ou que alguém me lançara um belo de um karma...
Mas não... é que esses nos estimulam, desafiam, aguçam. Se não, casávamos sempre com nossos melhores amigos... não que tenha algum problema com isso, pois não há certo ou errado, mas percebi que, no meu caso, busco o oposto. Não quero ser tão parecida com meu marido ao ponto que perguntem se é meu irmão, sabe? Quero fogo, quero ardor, quero testar nosso amor. Quero que nossa busca seja ser melhor um para o outro, em nós mesmos, seja o aprendizado da convivência, da compaixão, do entendimento... o que só se consegue com muito amor.

Numa sequência de coincidências, ontem, não quis poesia. Ontem, me abri para prosa.

Olhar, sentir, pulsar, te acompanhar com o olhar, sorrir, fugir, voltar, deixar olhar, desejar, vir te procurar até te encontrar, te ver, por fim, deixar fluir, naturalmente, no curso do seu seguir. Pode vir.

Definitivamente meu CARPE da semana...

CARPE VII: aceitar, desejar, optar, conviver e amar a diferença, e assim cessar o duelo.

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