quarta-feira, 5 de maio de 2010

Demissão

Estive pensando nas minhas relações... pensando em amizade... em elos... em parcerias...

É claro que nos unimos quando nos identificamos, quando há sinergia, interesses em comum, vibrações, sintonia, identificação, e tudo isso e tal... pensei nos meus amigos, meus colegas, ex-amigos, amores, pessoas que adoraria ser amiga, àqueles a quem recorro em cada situação... o que os difere, o que os assemelha... cheguei nos meus pais, lógico.

Pensei então na relação pais e filhos... qual é a peça que transforma essa relação em união ou repudia... em troca e simples apatia... quando é que se perde, em que momento se ganha...
Pensei no caminho: os pais tem um filho (ou mais,claro)... sonham como ele será... fazem planos... sua obra de arte, seu legado. Então, querem fazer o melhor, na sua concepção, claro! Assim como foi com eles, inicia-se a montagem... e, por mais que eles queiram ser, amigos, próximos, íntimos, acabam se tornando gerentes... CHEFES de família.

Percebi, já há algum tempo, o que me aprisionava, me sufocava, me engordava... uma voz, um gesto, uma feição, um olhar que me regia, ditava meu limite, barrava minhas ações e condenava minhas vontades... Achei já ter conseguido cortar esse vínculo, mas me enganei... não se enterra o que está em nós (a não ser que estejamos juntos...rs).
Vivo, morto, ausente, presente, desaparecido, desconhecido, unido... Nossos pais sempre estarão em nós, viverão na nossa mente, como nossa consciência, nosso parâmetro, nosso senso... Essa é a programação.

Diversas vezes me peguei pensando: “Imagina se minha mãe descobre!¨ ou “Que meu pai nunca descubra”... E quando eles não conseguem me dominar, apelo para “Deus”, aquele que tudo vê, tudo pode, tudo sabe, onipresente... O PAI de todos...

Bom... Sempre eles... Mas cadê eu? É isso e pronto, paciência?

Pois bem. Depois de conseguir me encontrar, conseguir me ouvir, me ver, sentir, reconhecer... Resolvi pedir demissão. Me demiti do cargo de filha! Eles não regem mais minha orquestra, não pintam mais meu quadro, não cantam minha música, não calçam meus sapatos.
Sim, o salário era bom... nada que não merecesse, pois sempre fui uma “ótima filha”.

Se isso teve conseqüência?... a Lei de Ação e Reação não falha: hoje, tenho o cargo de amiga.
Por amor, e só com amor, hoje nos tornamos amigos. Hoje trocamos, dividimos, confidenciamos, respeitamos, ouvimos e falamos com liberdade. No pressure, no push, no fear.

Opção deles? Fácil? Simples? Acordo mútuo? Não. Essa é a minha empresa. Meu negócio, minha escolha. Sem salário, só recompensas.

O que mudou? A voz sumiu? Não, claro que não... Mas quando a ouço, peço demissão, e assim me dou outra chance, passo a ser o gerente e assim livre para fazer a minha escolha, sem ter que ser contra, sem ter que ser a favor. Simplesmente sem TER QUE, só SENDO.

E que tipo de amizade? A que der, a que vier, a que for... será sempre melhor.


Um comentário:

  1. saudades de vc... vamos sair pra beber hj e contar nossos problemas??? falar nossos sonhos??? ahhh quem dera se fosse possivel

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